A independência e o fortalecimento dos movimentos separatistas de Bascos e Catalães
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Thalita Rodrigues, São Paulo 08/11/15
Esse
plebiscito foi realizado com o intuito de independência para os Catalães,
incentivado pelos movimentos separatistas que se fortalecem ao longo da
história, e quase sempre tem um conflito étnico ligado a eles sejam sobre questões religiosas, culturais, e até mesmo pelo idioma.
Os conflitos da Catalunha e até do País Basco tem suas raízes ligadas a
todos esses fatores. O que mais fortaleceu esse desejo de independência para
esses dois povos, foi a ditadura de Francisco Franco, que durante trinta e oito
anos, reprimiu todo e qualquer tipo de manifestação, proibindo até mesmo o uso
do idioma catalão e basco.
O especialista e professor de História, Guerra e Modelismo Bruno
Güiguer, esclarece: “Concluímos que eventos como esse são em ênfase
e indevidamente, consequências de cunho histórico. Ambas as manifestações são
somente exemplos de ações históricas que pesam sobre nossa sociedade atual de
maneira intensa. Caso não houvesse por exemplo a intervenção ditatorial de
Francisco Franco, provavelmente essas regiões já estariam separadas da
Espanha”.
E completa: “Mas não é só isso, a fixação de diferentes povos nessas
regiões ao longo da história certamente geraria tais discussões territoriais, e
o que vemos hoje é somente uma consequência disso. Cabe à Espanha, bem como
toda a Europa lidar diplomaticamente com uma questão inerente ao fragmentado
velho mundo, com toda a sua peculiaridade e especificidade étnica, politica,
religiosa e social. ”
O que motivou o plebiscito na Catalunha, foi o plebiscito realizado na
Escócia, que apesar do resultado ter sido continuar a pertencer ao Reino Unido,
permitiu que os escoceses decidissem seu futuro nas urnas.
O País Basco também se manifestou através do Grupo ETA (“Pátria Basca e
Liberdade”) a favor de que a sua região também decida sua permanência ou
independência através das urnas.
Porém especialistas afirmam que para o País Basco, o risco de repressão
do governo espanhol é muito alto e o resultado da votação seria inferior ao dos
catalães.
Mas, além das questões culturais, temos as questões geopolíticas e
econômicas, que entrariam nesse plebiscito e teriam grandes consequências.
A Professora e Doutora em Geografia, da Universidade Federal de Alfenas
– UNIFAL, explica: A geopolítica da Espanha acaba ficando comprometida,
porque se trata de dois territórios que fazem divisa com o outro país, a
França, e que ao mesmo tempo possui acesso ao litoral, no caso ao sul e ao
norte, que podem facilitar, no caso do sul, o acesso ao continente africano ou
até mesmo o acesso via marítima a outros países da Europa, e no caso do acesso
ao norte, pode facilitar o contato com a Inglaterra por meio do litoral. Quando
um país perde esses territórios que possibilitam esse acesso, muitas vezes
acaba ficando dependente dos outros países, e num momento de conflito, pode
acontecer que tanto o país Basco quanto a Catalunha venham a privar a Espanha
de usar esse território como um fluxo, e isso poderia prejudicar muito a
economia espanhola. Se a gente fixar nas questões da cultura e do nacionalismo,
o fortalecimento cultural será extremamente positivo. Mas se pensarmos no lado
econômico, até esses territórios se reestruturarem, reorganizarem, sendo um
país independente da Espanha, levando em consideração o tempo uma crise poderá
ser gerada dentro desses territórios. A Espanha sairá perdendo por que ela
perde território e isso não é positivo para nenhum país, e além disso ela
perderá também a economia, e muitas vezes os recursos naturais que estão
presentes nesse espaço”, completa a especialista.
O Plebiscito
Mesmo com esses pontos a serem analisados, no dia 10 de novembro de
2014, teve-se o resultado do plebiscito na Catalunha, onde a votação simbólica
somou oitenta por cento dos votos, mesmo sendo considerada ilegal pelo Tribunal
Constitucional espanhol.
Apesar de ter sido um plebiscito não aprovado pelo governo espanhol e
ter sofrido forte oposição do governo de Madrid, o líder do Executivo catalão,
Artur Mas, foi positivo com a votação e afirmou ter sido um plebiscito que
abrirá portas para uma votação formal.
Chegado o ano de 2015, no mês de setembro, aconteceu as
eleições na Catalunha, onde cerca de quatro milhões de pessoas foram depositar
seus votos nas urnas, e elegeram deputados independentistas, isso em um
referendo que havia apenas duas opções “Sim”, para a separação, e “Não” para a
manutenção do país unido.
A eleição mesmo sendo oficialmente regional ganhou “ares” de
referendo sobre a independência Catalã, numa votação que bateu o recorde de
participação com 80% dos eleitores, onde os catalães elegeram 72 parlamentares que
desejam que o Estado se torne um novo país europeu.
Apesar de terem conseguido a maioria dos assentos
no Parlamento os separatistas não conseguiram a maioria absoluta em número de
votos, porque as eleições são proporcionais. Sendo assim, um candidato de uma
região menos populosa precisa de menos votos para se eleger do que aquele que
representa uma região com maior densidade populacional.
No caso catalão, regiões de menor população
elegeram mais separatistas, consequentemente fazendo com que a coalizão
alcançasse um grande número de cadeiras, mas não a maioria absoluta dos votos.
Coalizões
Nas próximas semanas acontecerá a constituição do parlamento regional e
a formação do novo governo na Catalunha, isso tudo enquanto se aproximam as
eleições legislativas na Espanha, previstas para dezembro na qual é provável
que o debate catalão siga presente.
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